A produção de tecnologia brasileira e as principais tendências para o futuro
Quando se fala em tecnologia, nossos cérebros quase que automaticamente pensam em carros voadores, robôs e super-máquinas trabalhando em um ambiente futurista. Se fosse para definir um lugar-referência para a palavra tecnologia, talvez houvesse disputa entre Ásia e Estados Unidos. Quem poderia pensar que o Brasil, nosso próprio país, também pudesse figurar com destaque nesse cenário de produção de tecnologia aparentemente tão longínquo? Neste texto você vai ver o quanto a tecnologia brasileira tem se desenvolvido nos últimos anos.
Segundo os resultados do Tech Report 2019, estudo realizado pelo Observatório da Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE) em parceria com a Neoway, o setor de tecnologia obteve um faturamento de R$ 301,7 bilhões, correspondendo a 4,4% do PIB nacional.
Segundo o site StartupBase, existem atualmente 12.836 startups no Brasil, em 607 cidades. No entanto, a produção de tecnologia tem se concentrado em algumas regiões e estados específicos, que já estão se transformando nos sete maiores polos de tecnologia do Brasil: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e Pernambuco.
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Tecnologia no Brasil: existe o Vale do Silício brasileiro?
O destaque dessas regiões é tanto que há até disputa pelo título de Vale do Silício brasileiro (salvaguardando as devidas proporções, é claro). De qualquer maneira, os números impressionam e cada vez mais esses polos se solidificam como expoentes produtores de tecnologia made in Brasil.
O estado de São Paulo é notoriamente o estado mais populoso do Brasil, correspondendo a 22% da população do país. Também detém a maior produção industrial e o maior PIB de todos os estados, com uma economia superior a de países vizinhos como Argentina e Paraguai, dando origem ao apelido de “locomotiva do Brasil”.
Sendo assim, não é surpresa que o estado tenha três municípios que são expressivas regiões de referência em produção tecnológica e inovação.
Abaixo, você verá uma lista com os principais polos da produção de tecnologia no Brasil. Confira!
São Paulo – SP
A capital homônima, maior cidade e principal centro financeiro, corporativo e mercantil do país, é também sinônimo de inovação e produção tecnológica e científica. Há até mesmo o Potato Valley, apelido “carinhoso” para o Largo da Batata, situado no coração do bairro Pinheiros, zona nobre da cidade, que abriga atualmente 20 startups e 20 coworkings, revitalizando a área e trazendo uma infraestrutura completa que inclui bares, restaurantes e empreendimentos imobiliários.
Campinas – SP
Localizada 100km a noroeste da capital, conta com a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), referência na produção científica e importante centro de pesquisas, além de parques tecnológicos, complexos industriais e incubadoras que tornam a cidade atrativa aos olhos de investidores estrangeiros.
Principalmente por abrigar mais de 30 das 100 maiores empresas de tecnologia do mundo, além do CPQD (Centro de Pesquisa e Inovação em Tecnologias da Informação e da Comunicação) e também graças ao projeto Sirius, o novo acelerador de partículas do Brasil, recentemente considerado o maior projeto de ciência brasileira da atualidade.
São José dos Campos – SP
Situada no Vale do Paraíba, é lar do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), a instituição militar de excelência e referência na produção de ciências aeroespaciais do país.
Além disso, o Parque Tecnológico de São José dos Campos já realizou trabalhos com gigantes da aviação, como Boeing, Airbus e Embraer, e já recebeu mais de 1,9 bilhão de reais de investimento, mirando no avanço da produção de mais de 300 empresas e instituições de ensino e pesquisa.
Despontando como importante centro de produções tecnológicas, incluindo alta tecnologia, está o estado de Minas Gerais, com duas cidades que vêm se consolidando como grandes expoentes nesse mercado:
Belo Horizonte – MG
Na zona sul da capital mineira fica o bairro São Pedro, com um perfil parecido ao dos bairros vizinhos Santo Antônio e Savassi: principalmente residencial e com uma vida noturna movimentada.
Porém, nos últimos anos, a realidade do bairro mudou bastante: são mais de 300 startups e ambientes de cooperação, redutos de jovens talentosos e com faro para inovações e empreendedorismo. A partir daí, São Pedro virou BH Valley e, logo depois, San Pedro Valley, uma clara alusão à região americana no sul de San Francisco.
Santa Rita do Sapucaí – MG
No sul de Minas Gerais, a cidade de Santa Rita do Sapucaí já é referência na área de eletrônicos desde os anos 1960, quando foi fundada a primeira escola técnica de eletrônica de nível médio da América Latina e o INATEL (Instituto Nacional de Telecomunicações), primeiro a oferecer cursos de engenharia com foco em telecomunicações.
Atualmente, o município com menos de 50 mil habitantes promove desde cedo nas escolas a cultura do empreendedorismo e da inovação, formando profissionais capacitados e especializados. Dessa forma, o “Vale da Eletrônica” conta com mais de 150 empresas e produz diversos itens eletrônicos como tornozeleiras, urnas eleitorais e rastreadores.
Apesar da recente industrialização, a região Sul do Brasil também se destaca, com 3 importantes pólos tecnológicos que estão, atualmente, em plena expansão e desenvolvimento, trazendo atenção nacional e internacional para a sua produção:
Curitiba – PR
A capital do Paraná é também a cidade mais populosa da região sul e recentemente decolou no campo de inovação tecnológica ao desenvolver o projeto Vale do Pinhão, uma iniciativa do prefeito Rafael Greca de investir pesado em inovação, empreendedorismo e tecnologia para transformar Curitiba em uma smart city.
Para que o projeto pudesse sair do papel, foi preciso a cooperação entre universidades, instituições públicas e privadas, investidores e grandes empresas, dessa forma, o Vale do Pinhão é, hoje, um grande pólo que forma mão de obra extremamente qualificada e oferece serviços e produtos mais eficientes e especializados.
Florianópolis – SC
Conhecida como Ilha da Magia, a capital de Santa Catarina é famosa pelo turismo. Mas além do título de Ilha da Magia, Floripa também conta com o título de Ilha do Silício, principalmente por possuir o maior número de startups do Brasil, em relação ao número de habitantes, na frente até mesmo de São Paulo.
São mais de 900 empresas que, juntas, faturam cerca de R$5,4 bilhão de reais ao ano. Esse ambiente de crescimento foi possível graças à união entre a Prefeitura, a Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE) e instituições de ensino e pesquisa de excelência, como a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Porto Alegre – RS
No estado mais ao sul do Brasil, Porto Alegre recentemente chamou a atenção da indústria tecnológica graças ao TECNOPUC, o parque científico e tecnológico da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), considerada a melhor instituição de ensino superior privada do Brasil.
São 18 mil metros quadrados de espaço propício para a interação entre empresas gigantes do ramo tecnológico, como Dell, Microsoft, HP e Ubisoft, e empresas de médio e pequeno porte, além do TECNOPUC Startups, ambiente de estímulo e operacionalização de startups.
Na contramão do Sudeste e Sul brasileiros, tradicionais regiões detentoras dos melhores índices socioeconômicos e industriais, uma cidade do Nordeste brasileiro surge também como forte pólo de produção tecnológica, surpreendendo o mercado e mudando os estereótipos sobre a região.
Recife – PE
Destino internacionalmente conhecido pelas belas praias e por um Carnaval agitado, a capital de Pernambuco vem atraindo a atenção por causa de seu novo status de produtora de tecnologia do Brasil. Revitalizando o bairro do Recife Antigo, o Porto Digital é um parque tecnológico com foco em tecnologia da informação e comunicação e economia criativa.
Fundado em 2000, é considerado o melhor parque tecnológico do Brasil, segundo a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (ANPROTEC) e, segundo a Business Week, um dos dez lugares do mundo onde o futuro está sendo pensado. São mais de 300 empreendimentos, entre pequenas, médias e grandes empresas, startups, institutos de pesquisa, incubadoras, aceleradoras e fundos de investimentos.
Com tantas cidades e pessoas cada vez mais engajadas em pesquisar e produzir tecnologia, não é nenhuma surpresa que o Brasil seja o segundo maior em produção de tecnologia médica entre países emergentes ou que a tecnologia agrícola brasileira seja considerada de primeiro mundo.
Além disso, a produção de itens de alta tecnologia do Brasil, como os setores de produtos aeronáuticos/aeroespaciais, farmacêuticos, instrumentos de alta precisão, hardwares e equipamentos de comunicação, áudio e vídeo, vem crescendo nos últimos anos e a tendência é continuar se desenvolvendo em outros setores além da Indústria 4.0.