Tecnologia militar e visão computacional: a IA à serviço da guerra

É possível a utilização da visão computacional na tecnologia militar? A inteligência artificial pode ser aplicada em armas e artefatos utilizados em operações militares? Sim, descubra como a partir deste artigo!

As inovações tecnológicas – do relógio à internet – não mudaram apenas a maneira como os exércitos lutam em suas batalhas, mas também mudaram a forma com que esses exércitos pensam sobre a guerra.

Desde a ascensão da visão de mundo científica nos séculos XVII e XVIII até os dias atuais, uma simbiose cada vez mais íntima entre ciência e guerra se estabeleceu em conjunto com a crescente confiança no desenvolvimento e integração da tecnologia dentro de departamentos de segurança.

A visão computacional, por sua vez, vem moldando os conflitos de várias maneiras, principalmente no referente à força cinética, distribuição espacial, inteligência, comunicação e identidade. Desde sua conceituação em 1956, a Inteligência Artificial (IA) conquistou seu lugar em muitos setores, inclusive na tecnologia militar.

No setor de defesa especial, a IA, e em particular a visão computacional, trouxe um valor agregado inegável às forças armadas ao redor do mundo.

A visão computacional permite que as forças armadas otimizem suas missões, melhorem a segurança dos soldados e protejam os cidadãos. Espera-se que o mercado de inteligência artificial nas forças armadas cresça a uma taxa anual de 14,75% de 2017 a 2022, atingindo US $8,70 bilhões em 2022.

Deste modo, a visão computacional contribui com a tecnologia militar ao permitir que os sistemas interpretem dados visuais (fotos ou vídeos) para extrair informações.

Com o auxílio de aprendizado profundo, mais especificamente redes neurais, permitem que sistemas analisem imagens de vídeos para obter informações de alto valor. Uma vez treinados, esses modelos podem reconhecer objetos, pessoas e até mesmo rastrear os seus respectivos movimentos.

Conteúdo

Tecnologia militar com veículos autônomos, drones e armas

A visão computacional está provando ser uma tecnologia essencial para o desenvolvimento de veículos autônomos, utilizados na tecnologia militar.

De fato, o veículo autônomo substitui o olho do motorista, permitindo que o veículo detecte pedestres ou outros objetos e evite possíveis obstáculos. Veículos autônomos parecem ainda mais relevantes no setor de defesa do que em aplicações civis.

Eles fornecem o necessário acesso a locais perigosos e estão sujeitos a menos restrições, pois raramente operam em centros urbanos em torno de pedestres, por exemplo.

A visão computacional também é usada para controlar armas autônomas de diversos tipos: drones de combate que trabalham com planejamento de trajeto e adaptação ao ambiente, robôs que utilizam armas letais, etc.

Devido a alta tecnologia empregada a essas armas, existe a possibilidade de ocorrerem ações letais automáticas sem a necessidade da intervenção humana. Além disso, estas tecnologias também oferecem maior precisão para o reconhecimento de áreas e objetos de interesse.

Os algoritmos podem combinar dados de GPS com dados de campo para refinar o alvo ao máximo possível e evitar, desse modo, maiores danos colaterais. Ou seja, a tecnologia militar ganha novas funcionalidades com a evolução da inteligência artificial.

Vigilância e detecção de riscos

A visão computacional também é muito útil fora do campo de batalha, principalmente para se preparar para situações de risco. Os serviços de inteligência dos Departamentos de Defesa precisam processar grandes quantidades de informações coletadas por drones ou câmeras de vigilância. A automação aparece como uma solução mais rápida e eficaz perante ao volume alto de dados capturados.

Além disso, os algoritmos de visão computacional podem inferir informações nas imagens de grande valor, tais como: movimentação em determinados locais, detecção de pessoas em uma foto e etc.

Um exemplo disso é a criação do Projeto Maven em 2017, dos Estados Unidos. Os militares utilizam norte-americanos muitos equipamentos que praticam visão computacional e queriam desenvolver uma IA capaz de categorizar as enormes quantidades de imagens de câmeras de vigilância coletadas. A IA detecta veículos e pessoas e rastreia objetos de interesse.

O reconhecimento facial desempenha um papel fundamental na luta contra o terrorismo. Facilita a identificação de indivíduos perigosos. Já existem, inclusive, ferramentas de reconhecimento facial que podem identificar indivíduos em tempo real, mesmo quando parte do rosto está coberto.

As ferramentas de reconhecimento facial também podem ser associadas ao machine learning para a melhor detecção de riscos. Por meio desta associação, os algoritmos são treinados para reconhecer o comportamento normal e enviar um alerta em caso de comportamento anormal.

Cientistas libaneses também usaram visão computacional para desenvolver software para a detecção de minas terrestres.

Os algoritmos foram treinados em milhares de imagens de dois tipos diferentes de minas antitanque, mostrando-as cobertas, parcialmente cobertas e de cabeça para baixo de vários ângulos e em várias condições de iluminação. A ferramenta possui uma taxa de sucesso de 99,6% para minas terrestres não ocultas.

Produção e inspeção de armas: a tecnologia militar em outro patamar

A visão computacional é uma tecnologia amplamente utilizada na Indústria 4.0. Ela garante a produção de peças de alta qualidade, pois detecta automaticamente anomalias ou imperfeições.

A excelência no controle de qualidade é ainda mais essencial na produção de tecnologia militar e armamentos, pois defeitos em peças ou componentes podem ser fatais aos seus usuários.

A inspeção manual pode ser muito ineficiente e passível a erros, enquanto a visão computacional oferece alta precisão e evita a desaceleração da produção.

A visão computacional também pode ser usada, neste product case, para a manutenção preditiva. De fato, o equipamento militar pode ser inspecionado para que os algoritmos detectem danos ou marcas de desgaste.

A tecnologia permite intervir antes que ocorra uma avaria e, desse modo, limitar não só os custos, mas também os riscos. Uma falha técnica em um ambiente hostil pode colocar em risco a vida de soldados e comprometer negativamente uma batalha. Também é possível manter helicópteros e submarinos militares em condições operacionais utilizando Big Data.

Riscos da visão computacional na indústria de defesa

Portanto, a visão computacional tem muitas aplicações potenciais no setor de defesa. No entanto, estas inovações no setor de defesa ainda são bastante jovens. Algoritmos de reconhecimento de imagem podem produzir um resultado completamente errado ou ser enganados por variações em apenas alguns pixels.

No setor de defesa, tal erro pode ter consequências mortais.

Além do risco de erro, a visão computacional pode ser tendenciosa:

  • involuntariamente, quando os dados de aprendizagem não são representativos (por exemplo, preconceito étnico em dados populacionais);
  • intencionalmente, se um terceiro tiver modificado com sucesso os dados ou modelo de aprendizagem para produzir um resultado anormal.

Outro risco é o da dependência tecnológica. De fato, o ecossistema global de IA é dominado pelos principais players digitais americanos e chineses.

O aprendizado profundo também requer capacidade de computação massiva para treinar redes neurais com grandes quantidades de dados. Isso envolve principalmente nuvens públicas ou privadas, que também são dominadas por empresas americanas.

Todos esses riscos podem explicar a desconfiança que ainda há sobre estas tecnologias. Em um relatório de setembro de 2019, o Ministério das Forças Armadas da França insistiu na importância de desenvolver uma IA confiável e ética que respeite as estruturas estabelecidas pelos humanos.

A IA deve permanecer complementar à humanidade e fazer parte de um quadro de análise e apoio às decisões que coloquem os seres humanos no centro da reflexão.

Um novo tipo de guerra está sobre nós?

Hoje, as tecnologias de IA não estão maduras o suficiente para mudar radicalmente a tecnologia militar e a própria natureza da guerra. No entanto, esse campo evoluirá rapidamente e vários países lançaram uma corrida armamentista que depende principalmente da inteligência artificial.

Em novembro de 2020, o governo britânico anunciou um aumento no orçamento de £16,5 bilhões para as forças armadas do país, com forte foco em inteligência artificial.

Em breve será possível prever os modos de ação definidos pela IA do oponente ou paralisar as capacidades de comando do oponente neutralizando ou sequestrando suas tecnologias de inteligência artificial.

Mais do que nunca, os governos devem implementar soluções que garantam a confidencialidade e o controle das informações, neutralizando dessa forma possíveis invasões por hackers ou o sequestro de dados confidenciais.

Ao colaborar com empresa de tecnologia, os governos têm a oportunidade de alavancar a tecnologia militar e, desse modo, manter a sua soberania tecnológica.

E aí, se interessou no quanto a visão computacional pode contribuir para as empresas e indústrias de vários setores? Então, entre contato com a gente, podemos te ajudar!

Compartilhe este artigo:
Artigos Relacionados