O modelo que se fixou no imaginário coletivo quando fala-se do uso de drones foi desenvolvido em 1977 pelo engenheiro israelense Abraham Karem. Nessa época, 30 pessoas precisavam operar o drone.
A princípio, o objetivo das aeronaves não tripuladas era, basicamente, cumprir missões militares que envolviam risco de vida a seres humanos. Entre essas missões estavam resgate em incêndio e questões de segurança não militar, o que permitia o monitoramento ou ataque de regiões. Não era uma ferramenta aparentemente escalável, a princípio.
No Brasil, foi apenas em 1983 que o primeiro veículo aéreo não tripulado levantou vôo. Era um modelo BQM1BR fabricado pela Companhia Brasileira de Tratores e seu objetivo era servir como alvo aéreo.
De lá para cá, acompanhando o boom do avanço tecnológico e da digitalização, o uso de drones recebeu diversos desenvolvimentos e deixou de ser uma ferramenta de uso militar. Cada vez mais ganha popularidade como recurso para fotografia e vídeo, monitoramento e vigilância, resgates, entregas e muitas outras utilidades.
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VANTs x RPAS x Drones
Veículos aéreos não tripulados (VANTs) é o termo oficial designado pelos órgãos reguladores de transporte aéreo no Brasil. Se refere a qualquer equipamento que entre no espaço aéreo sem estar tripulado por um ser humano. A diferença do VANT para um aeromodelo é o objetivo: aeromodelos são utilizados para fins exclusivamente recreativos ou competitivos.
RPAS é a sigla para Remotely Piloted Aircraft System (em português, traduz-se para Sistema de Aeronave Remotamente Pilotada) e se refere a todo o conjunto de recursos necessários para o lançamento de um VANT. Isso inclui o piloto remoto, estação de pilotagem, equipamentos para lançamento e recuperação, etc.
Drones é o termo coloquial e utilizado amplamente no vocabulário geral para se referir aos VANTs. Em inglês, a palavra significa “zangão”, uma alusão ao zumbido alto que o equipamento faz durante o uso, semelhante ao inseto.
Uso de drones: Mercado em expansão
Com uma fatia de mercado na casa dos US$ 14 bilhões, os drones estão ganhando mais espaço no mercado mundial. Este foi o apontamento feito pela revista Forbes em 2019, ao avaliar o mercado global da ferramenta. No Brasil, as aplicações dividem-se em cerca de 40% no setor de infraestrutura, 25% na agricultura e os demais ficavam com os setores de mineração, entretenimento, segurança e logística.
A tendência é que este mercado continue expandindo, conforme previsão feita pela Drone Industry Insights, que projeta para 2024 uma fatia de mercado de US$ 44,1 bilhões.
É praticamente impossível desassociar tamanho crescimento das implementações tecnológicas nos drones e seus usos cada vez mais técnicos e sofisticados na solução de problemas humanos. Além disso, o uso de drones na agricultura de precisão se reflete nas estatísticas, com o setor de agricultura figurando como o segundo setor que mais utiliza drones no Brasil.
Por que os drones são tão populares?
A popularidade dos drones está, principalmente, na facilidade, tanto no uso quanto na resolução de problemas. Tarefas manuais e/ou arriscadas podem ser agilizadas, otimizadas e facilitadas com o uso de drones ao invés da mão de obra humana. Além disso, os drones agregam valor aos serviços e negócios.
O potencial de uso e desenvolvimento é enorme, oferecendo soluções disruptivas para todos os setores da Indústria. O uso de drones também seguem na mesma direção da Indústria 4.0, automatizando, digitalizando e revolucionando os modos de trabalho e produção industrial em níveis globais.
Entre seus principais benefícios, destacam-se a redução de riscos, tanto para seres humanos quanto para produção; redução de custos em tarefas que despendem tempo e grandes esforços, como manutenções e inspeções remotas e arriscadas (neste campo, a inspeção de torres de transmissão de energia elétrica, um dos projetos da Pix Force, é um grande exemplo das vantagens do uso de drones); melhorias na qualidade e agilização de serviços e produtos; auxiliar na tomada de decisões de maneira rápida e prática.
Mas como tornar escalável o uso de drones?
Segundo a ANAC, a operação de drones em linha de visada visual consiste em uma operação de acordo com condições meteorológicas visuais, isto é, que permitam que o piloto mantenha contato visual direto com o drone a todo momento.
Isso precisa ser feito de modo que o piloto consiga realizar o vôo sem auxílio de controladores de vôo e possa observar por conta própria o manuseio do equipamento. O objetivo é evitar colisões com outros drones, aeronaves e obstáculos.
Para que os drones possam expandir ainda mais e explorar novas potencialidades disruptivas e realmente inovadoras, é preciso explorar também o gerenciamento de tráfego do sistema de aeronaves não tripuladas (Unmanned Aircraft System Traffic Management – UTM).
O UTM é um subsistema do ATM (Air Traffic Management – Controle de Tráfego Aéreo), o mesmo que gerencia vôos de avião, helicópteros e outras aeronaves tripuladas. No entanto, é uma divisão criada especificamente para lidar com os RPAS e engloba funções aéreas e terrestres.
Trata-se de uma infraestrutura que permite que os drones entendam as condições do mundo ao redor e trocar informações com outros drones, aeronaves tripuladas, operadores de espaço aéreo e outros stakeholders.
O que esperar para um futuro não tão distante?
De entregas inteligentes até carros voadores: a realidade está avançando cada vez mais nessa direção. O que pode tornar isso possível é a implementação do UTM e os drones são o primeiro passo para um bem-sucedido compartilhamento de um já engarrafado espaço aéreo. Por meio da troca de comunicação, dados e ”deconfliction’‘ (redução ao máximo de riscos de incidentes aéreos), as bases de uma economia próspera para os drones são implantadas de forma eficiente, confiável e escalável.
Atualmente, já existe tecnologia de UTM suficiente para mostrar na prática que é possível tornar os drones uma tecnologia que seja parte da vida cotidiana, em operações mais complexas e sofisticadas. Apesar disso, essa tecnologia ainda está nos seus primórdios e tem muito o que evoluir e aprimorar até estar solidamente robusta.
Os alicerces estão sendo implantados, mas ainda existe um longo caminho até tornar o negócio de drones se tornar plenamente escalável. Tecnologias de navegação e conectividade são dois fatores-chave para que haja a transição do negócio de drones em um business escalável até em altos níveis.