Você sabe o que é Corporate Venturing? Basicamente, é um termo que pode ser traduzido diretamente para “negócio corporativo”, mas seu significado abrange muito mais nuances e contextos. Nos últimos anos, a prática se tornou mais do que uma tendência, principalmente na América Latina.
O modelo de grandes firmas colaborando com startups já vem sendo praticado há anos na Europa e nos EUA. Nesse modelo, as companhias desenvolvem uma forte estratégia de investimento, e agora estão voltando sua atenção para a América Latina, uma região fervilhando de empreendedores, porém ainda com algumas incertezas.
Muitas empresas latino-americanas já estão fazendo um bom trabalho em aderir ao Corporate Venturing, apesar de esse ainda ser um movimento acanhado na região. Ainda assim, essas companhias já representam que há oportunidade não apenas para as grandes empresas e startups que trabalham conjuntamente, mas também para os ecossistemas econômicos locais, empreendedores, governantes e a sociedade em geral.
Novos negócios e parcerias do tipo agregam um enorme valor para o mercado de trabalho, além de avanços tecnológicos e transformações culturais.
Mas esse modelo serve apenas para gigantes corporativos? Não mesmo. Muitas empresas de pequeno e médio porte também utilizam e se beneficiam desse modelo ao redor do mundo.
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Mas o que é Corporate Venturing?
Consiste em práticas de investimento por parte de uma companhia já estabelecida no mercado em startups e scale-ups. Tais práticas podem ser desafios, hackathons, compartilhamento de recursos, programas de aceleração, incubadoras, co-workings, aquisições parciais e muito mais.
Essas práticas se dividem em dois grupos dentro desse modelo: o Corporate Venturing externo e interno. O primeiro consiste na construção de uma relação mais íntima de mutualismo entre as grandes empresas e as startups.
Neste grupo estão as POCs (provas de conceito), hackathons e maratonas de empreendedorismo. Já o segundo visa estimular e viabilizar, através de recursos e autonomia, que um indivíduo ou grupo dentro da empresa crie um novo negócio. Neste grupo estão as incubadoras e co-workings, por exemplo.
Corporate Venturing é só capital?
Primeiro, precisamos definir de qual capital estamos falando. Não é apenas capital financeiro. É muito mais que isso! Envolve capital social (pela figura dos mentores e da possibilidade de networking e firmamento de conexões), capital intelectual (pela troca de conhecimentos e expertises) e capital humano (os atributos que os colaboradores irão adquirir e aprimorar após a experiência), por exemplo.
Nos últimos anos, a adoção desses mecanismos expandiu globalmente. No caso de investimento de capital financeiro dentro do Corporate Venturing, houve aumentos tanto no número de companhias adotando esse tipo de medida. Os números passaram de 980 em 2013 para 3.232 em 2019, e continuam aumentando!
Em troca, as corporações se beneficiam com retorno financeiro, um mind-set mais inovador, novas tecnologias e muito mais. Como consequência, tanto as grandes quanto as startups crescem e se tornam importantes parceiros. O impacto é valioso para ambos os sujeitos.
O contexto mercadológico da América Latina
A economia da América Latina e sua abundância de recursos naturais atraiu investidores que buscavam diversificar seus portfolios em mercados menos comuns. Apesar da grande volatilidade da região, os indicadores mostram que pode haver grandes vantagens no longo prazo.
Muitos fatores internos contribuem para esse ambiente instável. Incertezas no cenário político, social e econômico são os principais. Tudo isso deixa a América Latina menos atrativa nos índices que medem os riscos de investimentos e operações, de acordo com dados do Banco Mundial.
Mesmo assim, os líderes de negócios estão otimistas que a disrupção tecnológica pode dar um impulso nas oportunidades regionais, ao invés de ameaçá-las.
A América Latina é uma região emergente e está chamando cada vez mais atenção por seu enorme potencial. Em 2018, o Brasil liderou com larga vantagem o ranking de investimento de capital corporativo financeiro (66,2%), seguido da Colômbia (16,9%), México (8,8%), Argentina (4,2%), Chile (2,3%) e Peru (0,8%).
Comparados com 2017, o investimento cresceu em todos os mercados regionais em 2018. (São 176 programas (companhias x mecanismos) em andamento no Brasil (dados de 2018/2019) fonte: Prepared by Siota, J., Prats, J. of IESE Business School)
Na prática
Os principais mecanismos utilizados no Brasil, assim como nos outros países da América Latina, foram desafios, scouting missions, hackathons, incubadoras e programas de aceleração, fundos de capital corporativo, além de investimentos diretos e aquisições.
Já os principais setores industriais foram:
- Serviços financeiros
- Tecnologias da informação
- Administração e consultoria
- Telecomunicações
- Alimentos, bebidas e tabaco
- Indústria farmacêutica
- Energia
- Bens de capital
- Minério e metal
- Maquinário
- Varejo
- Materiais de construção
(Principais setores de investimento no Brasil)
Para resumir, podemos elencar as maiores vantagens de adotar o modelo de Corporate Venturing, lembrando que esta é uma situação de vantagens mútuas. É mais que uma parceria de negócios. É o fortalecimento de uma relação saudável de mercado, com grandes chances de lucros e benefícios tanto para as gigantes quanto para as startups.
*Este texto foi escrito com base no estudo feito pela IESE Business School e pela Wayra