4ª Revolução Industrial: suas tecnologias e mudanças no mundo

Segundo o alemão Klaus Schwab, diretor e fundador do Fórum Econômico Mundial e criador do conceito de 4ª Revolução Industrial ou Indústria 4.0, estamos vivendo um momento transitório e decisivo para o cenário mundial: uma época em que não apenas a indústria e o comércio, mas todos os aspectos econômicos, sociais e geopolíticos estão se transformando rápida e avassaladoramente.

Não é possível precisar uma data específica para o início desse período, uma vez que ainda estamos passando por ele, mas pode-se traçar uma linha do tempo que nos trouxe até aqui. Para isso, precisamos entender o que caracteriza uma revolução industrial e por que estamos vendo esse fenômeno acontecer.

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O que é uma revolução industrial?

Revoluções, por definição, são mudanças abruptas e profundas que impactam algum aspecto da sociedade. Podem ser políticas, econômicas, sociais ou industriais. Cada uma das três revoluções industriais que já aconteceram marcaram épocas e transformaram o curso da história.

Mas o que torna um momento histórico apto a ser considerado revolucionário? A velocidade e o grau de impacto que as mudanças causam na sociedade, principalmente. Além disso, a 4ª Revolução Industrial não é caracterizada pela quantidade ou ineditismo das inovações tecnológicas em si, mas pelo direcionamento a novos modos de atuação e vivência.

Nanotecnologias, Big Data, Machine Learning, Internet das Coisas, neurotecnologias, robôs, inteligência artificial, biotecnologia, visão computacional, drones e impressoras 3D já estão em pleno uso pelas indústrias e empresas mundiais, interferindo ativamente no cotidiano dos consumidores.

Por exemplo, supermercados e restaurantes sem humanos trabalhando já são realidade; hotéis onde o recepcionista é um robô; inteligências artificiais resolvendo problemas em estações de teleatendimento; reconhecimento facial por smartphones; algoritmos e softwares capazes de analisar e interpretar uma imagem… Os números resultantes dessas inovações impressionam: segundo a consultora Accenture, a Indústria 4.0 pode agregar 14,2 bilhões de dólares à economia mundial nos próximos 15 anos.

Os efeitos desse fenômeno impactarão profundamente a sociedade em escala global, afetando direta e profundamente as relações de trabalho, a economia, a política, legislações e até mesmo provocará discussões mais complexas e filosóficas, como limites éticos, privacidade e segurança.

Como chegamos até aqui?

A primeira revolução industrial ocorreu em um momento onde a produção era exclusivamente artesanal, manual e, principalmente, lenta. Entre 1760 e 1830, a manufatura passou a ser mecanizada, graças ao uso de engenhocas movidas a carvão, vapor e ferro. Os produtos eram feitos em maior escala, com menos custos e muito mais rápido, levando a Inglaterra, pioneira e palco dessa primeira revolução, ao posto de principal potência mundial da época.

A segunda Revolução Industrial veio não muito tempo depois, em meados dos anos 1850, com o surgimento de equipamentos elétricos, desenvolvimentos na indústria química e de petróleo e manufatura de massa. As indústrias cresceram e passaram de galpões a grandes complexos industriais, com máquinas maiores e capazes de executar tarefas repetidamente. Esse período é muito marcado pelo êxodo rural, e a população urbana cresceu significativamente, formando as primeiras megalópoles.

Já a terceira Revolução Industrial, mais próxima da nossa realidade, explodiu após a Segunda Guerra Mundial, com o desenvolvimento dos artefatos eletroeletrônicos e o surgimento dos computadores e da robótica. Com isso, a humanidade pôde ir além dos limites do planeta e da física até então, manipulando átomos e criando reagentes nucleares; mapeando o espaço sideral e até pousando robôs em planetas distantes.

Cada uma dessas revoluções mudou o mundo como a humanidade o conhecia até então e a próxima mudará ainda mais.

O cinema e a literatura já nos apresentaram diversas situações distópicas que podem representar como será o futuro, tantos as versões otimistas de carros voadores e viagens interplanetárias quanto as pessimistas onde o meio ambiente está totalmente devastado e os robôs e máquinas se revoltaram contra os humanos. É natural do ser humano desconfiar do desconhecido, mas ambas as projeções, apocalípticas ou progressistas, estão ainda muito distantes da realidade.

Então, o que podemos afirmar até o momento sobre essa quarta Revolução Industrial?

A revolução do trabalho

À época da primeira revolução industrial, lá no século XVIII, as categorias de trabalho se resumiam a desempenhar um ofício: sapateiro, carpinteiro, ferreiro, escriba, agricultor… De qualquer modo, era preciso ser praticamente um artesão, pois a matéria prima era moldada diretamente pelas mãos do trabalhador.

A partir da mudança no modo de produção, foi preciso mudar o modo de trabalho. Novos empregos surgiram pois, agora, precisava-se de pessoas que operassem as máquinas, reabastecessem os fornos e fizessem a limpeza e a manutenção das peças e ferramentas. E a produção manual e artesanal não foi extinta, apenas modificou seu caráter e precisou se refinar para continuar a ser valorizada.

O contexto da indústria 4.0 pode parecer assustador, pois nos apresenta o modelo de indústria inteligente (totalmente automatizada). “O que será de nossos empregos?’’ é um pensamento comum quando os postos de trabalho estão sendo preenchidos por sistemas ciberfísicos, ou seja, sistemas que combinam máquinas com processos digitais, capazes de performar tarefas repetitivas tanto quanto tomar decisões e cooperar com humanos. Apesar do alarme inicial, essa é a palavra-chave que precisa ser enfatizada: cooperação.

De fato, muitas profissões e postos de trabalho foram e estão sendo automatizados, pois as máquinas executam melhor e mais rapidamente tarefas repetitivas e mecânicas. No entanto, não são capazes de encontrar soluções e saídas criativas para situações complexas. Apesar dos iminentes avanços na configuração e programação de inteligências artificiais que simulam o funcionamento do cérebro e do raciocínio humano, a substituição completa da força de trabalho intelectual humana ainda está muito distante da realidade alcançável (e talvez nem seja possível!).

Essas serão as principais habilidades valorizadas pelo mercado de trabalho em 2020, de acordo com um relatório do Fórum Mundial Econômico, indicando que os rumos do trabalho valorizarão muito mais o quanto o profissional pode agregar ao trabalho, ao invés de focar em uma tarefa a ser executada.

Do mesmo modo que um artesão do século XVIII não imaginava ser possível chegar à cidade vizinha voando e do mesmo modo que um fotógrafo nos anos 70 não imaginava ser possível armazenar milhares de imagens e dados em um microchip, toda a nossa realidade e jeito de encarar a vida está sendo transformada. Alguns empregos irão desaparecer, outros que nem se pode imaginar ainda vão surgir e se tornar comuns.

Presente x Futuro da 4ª revolução industrial

A 4ª Revolução Industrial está a todo vapor (trocadilho intencional!). Todos nós convivemos com algum (ou alguns) de seus frutos: inovações que surgiram para, literalmente, revolucionar o modo como nos relacionamos com a tecnologia, a natureza e o mundo ao nosso redor.

Falando em um contexto empresarial, desde o pequeno empreendedor que utiliza o smartphone para organizar todos os aspectos de sua empresa até as gigantes multinacionais, que podem investir mais pesado em softwares que monitoram e contam linhas de produção inteiras, por exemplo.

Em todos os setores da economia, surgem melhorias e soluções que beneficiam tanto o produtor rural quanto o CEO de uma grande companhia.

Os indicadores mostram que temos muito a ganhar com as consequências desta Revolução Industrial. A expectativa é a melhoria nos índices de qualidade de vida em nível global e até mesmo aumento da expectativa de vida, uma vez que as descobertas e avanços científicos estão sendo aplicados diretamente em áreas fundamentais, tais como:

  • Saúde (atendimentos e diagnósticos mais precisos e automatizados, uso de robôs auxiliares em procedimentos cirúrgicos, triagens inteligentes),
  • Meio Ambiente (identificação de focos de queimadas, áreas de desmatamento, vazamento de resíduos tóxicos no oceano e monitoramento de áreas de preservação)
  • Segurança pública (reconhecimento facial de suspeitos, monitoramento por drones, leitura de placas).

Com tudo isso, não precisamos temer o futuro. Em essência, todas as tecnologias surgem a partir da tendência natural do ser humano de procurar amenizar seu esforço físico (as primeiras ferramentas utilizadas pelos neandertais já comprovaram esse indicativo) e todas as invenções e aprimoramentos que surgiram desde então constituíram o ser humano como espécie dominante.

O homem sempre procura poupar tempo e facilitar a execução de uma tarefa, primeiramente para assegurar a própria sobrevivência em um ambiente natural hostil e, posteriormente, para proporcionar mais tempo e qualidade de vida.

No horizonte, vemos caminhos promissores rumo a melhoras na vida das pessoas. A Indústria 4.0 veio pavimentar esse caminho e torná-lo possível e (o mais importante!) acessível a todos.

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